Mercado 29 de Março de 2023

Como os cenários econômicos vão impactar a indústria em 2023?

No mundo todo, em todos os macro e micro cenários econômicos, existe um elefante branco sobre o qual ninguém quer realmente falar mas que ninguém pode ignorar: a inflação. 

Desde o desastre mundial da pandemia de Covid, o cenário econômico mundial passou a ser alterado, em diferentes escalas, nos mesmos aspectos, e o principal deles é a inflação. 

O Copom - Comitê de Política Monetária do Banco Central tem conduzido de forma acertada a Selic, taxa básica de juros, de acordo com economistas como Laiz Carvalho, economista do BNP Paribas

Apesar disso, a taxa, que atualmente está em 13,75%, é alvo de críticas do presidente Lula e de muitos empresários da indústria

Isto porque este número é considerado alto para investimentos e desenvolvimento da economia.

De acordo com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a Fiesp, há a previsão de redução de 0,5% da atividade industrial em 2023. 

Essa redução na atividade industrial fará com que a economia, provavelmente, perca a tração no Brasil e no restante do mundo com o efeito das elevações de juros promovidas pelos bancos centrais para derrubar a inflação.

Apesar dos estímulos fiscais lançados no ano passado, como a ampliação de programas sociais, estes tiveram um efeito limitado diante do ciclo da alta de juros 

Ainda segundo a Fiesp, 11 de 25 atividades da indústria de transformação terminaram 2022 mostrando perda de tração, entre eles setores como as indústrias têxtil, metalúrgica e de móveis. 

E com esta tendência de juros elevados, a expectativa é que o setor leve mais tempo para retomar o nível de atividade de antes da pandemia.

Esta incerteza sobre a extensão dos prejuízos causados pelo aperto dos juros também é intensa nos Estados Unidos, por exemplo, mesmo que lá o mercado de trabalho esteja muito mais aquecido. 

 

As dificuldades ao redor do mundo todo por conta de um longo período de inflação elevada também é um alerta do FMI - Fundo Monetário Internacional, principalmente por conta da desaceleração das economias de três grandes potências do mundo: Estados Unidos, União Europeia e China. 

Já no Brasil, a atividade industrial também segue em uma franca tendência de desaquecimento desde o início de 2023.

O indicador caiu 2,7 pontos

Dados da Sondagem Industrial, levantamento feito pela CNI - Confederação Nacional da Indústria mostram quedas de 47,9 nos índices de produção e de 48,5 no de emprego, de janeiro para fevereiro. 

Embora este recuo seja normal na passagem dos meses de janeiro para fevereiro, o índice de 2023 foi o menor desde 2017. 

Um claro exemplo da situação que já vem se desenhando na indústria no Brasil é o caso de Franca, São Paulo: conhecida como principal pólo calçadista do país, Franca gerou 1.004 empregos formais no setor industrial em 2022, queda de 78% na comparação com 2021, quando a geração ficou 4.716 postos de trabalho. 

Diante das tendências de incerteza e desaceleração da indústria, seguem-se algumas observações importantes: 

  • responsabilidade na contratação e demissão de funcionários, evitando ao máximo impor danos e prejuízos; 
  • atenção às tendências do mercado e variações nas taxas de juros e nos valores de mercado. Especialmente em tempos de crise é importante não praticar preços abusivos e contribuir para o desenvolvimento da economia. 
  • não fazer parcelamentos e empréstimos com juros altos; e, fazendo, pagar sempre antes do vencimento para que não incorra em maiores juros. 
  • planejar minuciosamente a produção e os investimentos do ano e seguir à risca o planejamento, evitando surpresas e imprevistos. 
  • contar com a consultoria ou orientação de quem conhece o ramo industrial e está habituado a conduzir indústrias em tempos de crise. 
  • Fazer investimentos de forma responsável e bem pensadas. 

A hora de investir é diferente para cada tipo de indústria. Mesmo num cenário como o atual, em que a inflação é alta e as previsões não são as melhores, é possível, sim, fazer investimentos e planejamentos ousados. 

Desde que estes sejam feitos com responsabilidade fiscal, com atenção ao mercado e dentro das possibilidades da empresa, sem que isso implique em correr riscos desnecessários. 

E você, já fez algum investimento em tempos de crise e deu certo? Compartilhe sua experiência com a gente nos comentários!